Para a realização da nossa pesquisa sobre o enquadramento, fundamentamos nossas análises em alguns conceitos:
No tocante à análise do enquadramento realizada, Semetko e Vakenburg (2000 apud SOARES, 2009. p. 59), entendem que existem duas abordagens: indutivas e dedutivas. A primeira se propõe a analisar as notícias sem uma delimitação prévia dos enquadramentos, resultando em uma gama de diferentes tipos que podem ser detectados. Já a abordagem dedutiva, utilizada neste trabalho, se baseia em uma determinação prévia dos enquadramentos que serão buscados, identificando sua ocorrência na amostra de matérias jornalísticas analisadas. Nesta trabalho, portanto, serão evidenciados quatro tipos principais de enquadramento: episódicos, interpretativos, de corrida de cavalos e temáticos.
Nesse sentido, as análises se baseiam nas definições desses tipos de enquadramentos propostas por Porto. Este ressalta que primeiramente é necessário distinguir dois tipos principais: os enquadramentos interpretativos e os noticiosos. O primeiro, representa, segundo Porto (2002), interpretações particulares de temas e eventos políticos, de forma a apresentar certa independência por parte dos jornalistas que relatam esses fatos, em relação ao discurso dos atores políticos e sociais. Mesmo essa independência sendo por vezes apenas superficial, visto que a escolha do ator social e o discurso que esse faz dão espaço para o próprio jornalista se pronunciar. Já os noticiosos são “padrões de apresentação, seleção e ênfase utilizados por jornalistas para organizar seus relatos” (PORTO, 2002, p. 13), ou seja, o ângulo que é dado à notícia. Dentro da esfera dos enquadramentos noticiosos determinamos uma grade prévia na qual se encontram três tipos: os episódicos, corrida de cavalo e temáticos.
O enquadramento episódico limita-se a relatar acontecimentos de uma forma descritiva que enfatiza um aspecto micro, deixando de lado o contexto mais amplo e complexo. Neste trabalho adotamos o termo episódico para nos referirmos às notícias nas quais o jornalista se limita, basicamente, a produzir notícias que enfocam eventos desprovidos de um contexto, relatam fatos e, principalmente declarações de atores sociais, quando estas forem fundamentadas em crenças, posições e opiniões pessoais.
O temático, por sua vez, expõe os padrões interpretativos e subjetivos da campanha, salientando as posições e propostas dos candidatos. Esse tipo de enquadramento se caracteriza por apresentar um contexto analítico mais amplo, que vai além dos fatos, e por enfatizar o conteúdo político dos programas de governo dos candidatos, em uma tentativa de moldar a opinião pública.
Para Porto (2002), “enquadramentos interpretativos são padrões de interpretação que promovem uma avaliação particular de temas e/ou eventos políticos, incluindo definições de problemas, avaliações sobre causas e responsabilidades [...]”. Essa forma de enquadramento refere-se a discursos culturais e ideológicos de atores sociais e políticos, desvinculados da prática jornalística, ou seja, são interpretações inseridas em um contexto mais abrangente, produzidas por representantes do governo, partidos políticos, sindicatos e outros sujeitos sociais, mas capazes de ser incorporadas pela mídia. Essa interpretação deve, pois, estar fundamentada e, além disso, explicar os porquês do acontecimento e as causas, bem como as possíveis recomendações de tratamento, isto é, deve ir além de uma crença pessoal não justificada para ser classificada como enquadramento interpretativo.
Por último tem-se o enquadramento Corrida de cavalo (horse race frame), conhecido também como “enquadramento estratégico” ou “game frame” (Porto, 2001, p.2), que está ligado, no período eleitoral, à evolução da campanha dos candidatos a partir do estabelecimento de uma disputa entre eles, uma espécie de páreo conforme o desempenho de cada um. Para Porto (2001, p.2), “a ênfase está em quem está avançando ou quem está ficando para trás e, portanto, nos resultados das pesquisas e nas estratégias de campanha dos candidatos.”
Exemplos:
Saiba mais:
Representações, jornalismo e a esfera pública democrática
O Enquadramento como Conceito Desafiador à Compreensão do Jornalismo
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