"Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra" (Clóvis Rossi)

terça-feira, 20 de março de 2012

Enquadramento Episódico, Enquadramento Interpretativo e a difícil tarefa de diferenciá-los.

Apesar de apresentarem características bastante distintas, nem sempre é fácil diferenciar o enquadramento episódico do interpretativo. Isso porque o texto pode dar voz a um ator social, mas não se qualificado como interpretativo, uma vez que por diversas vezes o ator não faz análises, apenas relata fatos, sendo portanto, episódico.
 “reportagens que poderiam muitas vezes ser enquadradas inicialmente como interpretativas, no entanto, apresentaram ao leitor notícias que se ocuparam unicamente em relatar crenças, discursos ou atitudes de atores em relação a determinados eventos, sendo, por isso, qualificadas como episódicas. Por exemplo, as matérias que abordavam a polêmica das declarações do ex-vereador e candidato ao Senado, Hugo Manso (PT), a Garibaldi Alves Filho (PMDB). Em suas declarações, o ex-vereador criticou Garibaldi por apoiar o então Presidente Lula e sua sucessora Dilma Rousseff e ao mesmo tempo ficar do lado de José Agripino Maia e Rosalba Ciarlini, ambos candidatos do partido Democrata. Por isso, Hugo ainda chamou o peemedebista de “cara de pau e oportunista” e de “analfabeto político” pela discrepância entre os partidos que apóia. Nesse tipo de cobertura, como afirma Porto (2002, p. 9), o enquadramento utilizado “faz com que as pessoas atribuam a responsabilidade pelos problemas políticos e sociais a indivíduos, em lugar da consideração de forças ou fatores sociais mais amplos”.
No texto acima, nota-se a predominância da descrição, do relato dos fatos tal como eles aconteceram. Iberê, apesar de ser um ator social ao qual foi dado voz, traz em suas afirmações apenas opiniões pessoais. Sendo essas falas apenas recortes no texto, que não o constroem de fato. De fato, as falas de Iberê são simplesmente transcritas. Quando o enquadramento for considerado interpretativo, as falas do ator serão o texto.
A matéria que trazia a posição do deputado estadual Getúlio Rego (Getúlio: “Hugo demonstrou falta de equilíbrio e bom senso” – 28 e 29 de agosto), por exemplo, se ocupou inteiramente de mostrar a opinião pessoal do deputado, deixando de lado aspectos mais amplos e fundamentados que poderiam caracterizar um enquadramento interpretativo. “Hugo foi de uma grosseria incompatível com alguém que deseja representar o Estado no Senado Federal [...] Demonstrou falta de equilíbrio e de bom senso”.
Os argumentos utilizados pelos atores sociais nesse tipo de enquadramento, se fundamentam principalmente no “achismo”, em questões e visões pessoais, muito frequentemente representadas por adjetivações e argumentos fracos e sem contexto. Como mostra Bujokas (2009), “toda sorte de conflitos, intrigas e segundas intenções ocultadas pelos políticos são supostamente reveladas pelo jornalista” na escolha dos atores sociais aos quais é concedido espaço”






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